quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Morre lentamente


Morre lentamente...
Quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo...
Morre lentamente...
Quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar...
Morre lentamente...
Quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece...
Morre lentamente...
Quem faz da televisão o seu guru...
Morre lentamente...
Quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos...
Morre lentamente...
Quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos...
Morre lentamente...
Quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante...
Morre lentamente...
Quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe...
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

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