sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Unicidade

Descalço-me para sentir nos pés a areia molhada.
Cravo os dedos mais um pouco até ver as várias poças de água que os inundam e refrescam.
Traço vários círculos com a areia rugosa que debaixo dos meus pés se move, como que falasse comigo e partilhássemos a sua, longa e milenar sabedoria sabedoria.
E cada grão, vindo daqui e dali, de outros mundos e lugares, traz, no seu minúsculo corpo, a lembrança da grandeza daquilo que já foi.
Tal como em mim, o vibrar de cada célula do meu corpo traz consigo um pedaço de memória, uma partícula do que sou e daquilo que já fui.
E nesta harmoniosa partilha, o mar vem juntar-se a nós com uma leve onda cuja espuma permanece nos meus pés como se de um adorno se tratasse.
E assim encontro por momentos a perfeita sintonia dos tempos.
Aprecio este embalo, desta ausência de gente, estes minutos só meus e de tanta coisa ao mesmo tempo.
Afinal, quantas experiências se encontram nestes breves segundos?
Quantas vidas e experiências estarão a ali, naquele reduto onde aparentemente só existo eu, a areia, o céu e o mar?

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