Ela: Olá, não reconheci o teu numero! Está tudo bem contigo?
Ele: Está tudo optimo, o meu filho está lindo e grande!
Ela: Ainda bem, que bom! Comigo está tudo a correr bem! Com muito trabalho, muita coisa para tratar, sem tempo para nada, mas enfim, é a vida…. E tu como estás? É bom saber de ti depois de tanto tempo…
Ele: Está tudo a correr bem, mas não foi para falar de mim que liguei…
Ela: Como disse, comigo também está tudo bem, tenho pena mas as constantes mudanças no trabalho e a vida pessoal deixam-me com pouco tempo para as outras coisas também importantes, e por isso, fico sempre contente quando alguém me liga para saber de mim…
Ele: Ainda bem que estás bem, fico contente. Eu também estou bem, agora além de trabalhar estou a estudar à noite… e o resto tu já sabes!
Ela: Pois…. Já sei, sim… quer dizer… mais ou menos… até certa altura estive ao corrente, agora não sei, né!
Ele: Pois, eu e a tua amiga agora não nos vemos, temos estado afastados. O que acontece é que eu sei que temos algo desde há muitos anos para resolver… e quando tentamos resolver, surge sempre um impedimento, tem sido sempre assim, desde miúdos…. Não sei…
Ela: (Exacto, mais uma partida da vida, após 10 anos) Eu sei! Ela contou-me parte da história. Ultimamente não sei bem o que se passa porque não temos falado e por isso não te posso ajudar. Mas calculo que esses impedimentos de hoje, sejam muito diferentes dos impedimentos da altura. Entretanto ambos construíram vidas. Cada um casou, construiu uma família, uma história com outras pessoas e agora, inesperadamente, reencontraram-se. Ás vezes a vida tem estas surpresas guardadas para nós, faz parte! Por isso, não te esqueças que os impedimentos do hoje não são os mesmos de ontem. Se existem contratempos que impedem o reencontro, são motivados, certamente, por um conjunto muito forte de circunstâncias que, quer se queira ou não, são mais fortes do que a vontade de aventura e até mesmo de estar juntos, que ambos sentem. Afinal, a vida é feita de escolhas… Cada um escolhe o que quer para si ou aquilo que pensa que quer… E independentemente daquilo que for, ninguém tem nada a ver com isso.
Ele: Subscrevo. Mas sei que mesmo que agora nunca mais a veja, nem que seja daqui a 10 anos, vou reencontá-la e aí talvez se resolva!
Ela: Escuta, não podes acelerar o curso normal da vida. Há coisas que demoram uma vida inteira, ou mais, a serem resolvidas. Temos que viver com isso.
E a vossa história talvez seja uma delas. Não há que ter pressa… Se tiver de ser, a vida, só por si, encarrega-se de promover o reencontro.
Ele: Eu sei, mas isto tem de ser resolvido.
Ela: Talvez, mas tens de respeitar uma coisa importante que é aquilo que vos move neste momento. Eu pessoalmente, conhecendo-a a ela como conheço, entendo que prefira afastar-se de ti para se proteger. Afinal, tu para ela não és um flirt que surgiu de forma inesperada e a surpreendeu. Tu és uma referência na vida dela, uma pessoa que marcou e o reencontro contigo trará todas as memórias e vivências de volta… E não é fácil gerir isso. A química resolve-se facilmente mas neste caso é diferente, porque os riscos de envolvimento emocional que ambos correm, associados à necessidade de voltar a experimentar um nível intenso de paixão, que entretanto nos vossos casamentos, por razões diversas, não é possível, poderão destruir estruturas sólidas. E não é isso que vocês querem. É preciso ambos estarem conscientes dos riscos que este reencontro envolve, justificável ou não…
Ele: Tens razão. Nós já falámos sobre isso… ninguém quer por nada em causa, isso está mais do que assente!
Ela: Ainda bem, mas cada um de vocês é que pode saber isso. Quando me pedem uma opinião, eu dou, mas estou longe de sugerir a alguém aquilo que cada um pode ou deve fazer. Isso compete-vos a vocês, porque cada um de nós é o responsável por cada passo que dá, por cada acto que pratica, por cada decisão que toma. Eu não sou ninguém para julgar ou criticar, não tenho esse poder, nem o quero ter. Até o poder que tenho sobre mim, sobre a minha vida, por vezes me escapa… Aquilo que te posso dizer é que não te apoquentes… a tua história é mais comum do que aquilo que tu julgas…
Fica tranquilo. A vida tem o dom de encaixar tudo no lugar certo, no momento certo. E esse poder, não podes controlar… é maior que tu e mais sábio.
Ele: Sim, eu sei… Obrigada, gostei de falar contigo!
Ela: Eu é que gostei! São estas experiências que me fazem manter viva! Que me fazem olhar para a vida e acreditar que há sempre alguém, nalgum lugar que tem algo para partilhar comigo! Nem que seja a sua história.... Que afinal é aquilo que de mais precioso se tem...
Imagem: http://blinksoflife.tumblr.com
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